Trichomonas vaginalis
O Trichomonas vaginalis é um parasita eucariota flagelado anaérobio facultativo com cerca de quinze micrômetros. Tem quatro flagelos desiguais e uma membrana ondulante que lhe dão mobilidade, e uma protuberância em estilete denominada axóstilo, uma estrutura rígida, formada por microtúbulos, que se projeta através do seu centro até sua extremidade posterior.
Não possui mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos
(hidrogenossomos) que podem ser vistos à microscopia óptica. Essas
estruturas são portadoras da enzima piruvato:ferredoxina oxirredutase, a qual transforma piruvato em acetato por oxidação fermentativa, liberando energia na forma de ATP.
O T. vaginalis é o agente causador da Tricomoníase. Existe em apenas uma única forma (trofozoíto),
que é simultaneamente infecciosa e ativa. Contudo formas arredondadas
com flagelos internalizados muito semelhantes a cistos, porém sem
apresentar parede cística são comumente encontradas. Estas formas são
conhecidas como pseudocistos. Ao contrário do que se imaginava os
pseudocistos não são formas degenerativas, mas sim formas funcionais e
metabolicamente ativas. Reproduz-se por pleuromitose fechada com fuso extranuclear.
Cresce em pH entre 5,0 e 7,5 a temperaturas variando de 20 a 40 °C.
Utiliza a glicose, a maltose e a galactose como fontes de energia.
Mantém o glicogênio como forma de armazenamento de energia. Em condições
adversas, pode utilizar também os aminoácidos, especialmente a
arginina, treonina e leucina, como fontes energéticas.
T.vaginalis foi descrita por Donné em 1836, isolando-a de uma mulher com vaginite. Em 1894, Marchand e Miura, em 1896 Dock, observaram o flagelado na uretrite de um homem.
A via de transmissão principal é o contato sexual (de pessoa para
pessoa). Em condições especiais são possíveis outras formas de
transmissão, contudo são estatisticamente desprezíveis. Podem tambem ser transmitido atraves de roupas intimas.
O período de incubação, isto é, o tempo entre a contaminação e o
aparecimento do sintomas, varia geralmente entre 4 a 28 dias, todavia
muitas pessoas são carreadoras assintomáticas do parasita por longos
períodos. Algumas mulheres possuem o Trichomonas por meses antes de
surgirem sintomas, tornando muito difícil definir a data em que ocorreu a
contaminação.
Sintomas da tricomoníase
a.) Tricomoníase no homem
No sexo masculino a infecção pelo Trichomonas vaginalis costuma
ser assintomática e transitória, melhorando espontaneamente em muitos
casos. O homem costuma ser um carreador assintomático do parasita.
Quando há sintomas, o quadro mais comum é a uretrite (inflamação da
uretra) levando à dor para urinar e corrimento uretral purulento. Uma
complicação pouco comum mas possível é a infecção da próstata pelo
Trichomonas, levando à prostatite.
b) Tricomoníase na mulher
No sexo feminino a infecção pelo Trichomonas vaginalis também
pode ser assintomática, mas pelo menos 2/3 das mulheres infectadas
apresentam sintomas. O quadro mais comum é a vaginite, inflamação da
vagina que cursa com corrimento amarelo-esverdeado de odor desagradável
associado à disúria (dor para urinar), dispareunia (dor durante o ato
sexual) e prurido (coceira) vaginal.
A tricomoníase não tratada é fator de risco para infertilidade e câncer
do colo do útero. Nas grávidas a infecção está associada a parto
prematuro.
Diagnóstico da tricomoníase
O quadro clínico das vaginites apenas sugerem a causa mais provável, não
sendo possível estabelecer o diagnóstico sem exames complementares.
Para se confirmar a presença do Trichomonas vaginalis o
ginecologista realiza um exame ginecológico, que normalmente detecta uma
vagina inflamada e com pequenas úlceras. Durante o exame colhe-se uma
amostra de secreção vaginal para ser estudada no microscópio. Em até 70%
dos casos é possível identificar o protozoário se movendo nas
secreções.
Se o quadro clínico e o exame ginecológico forem muito sugestivos, mas o
exame microscópico for negativo, é possível fazer uma cultura da
secreção, que costuma dar o resultado entre 3 a 7 dias. O exame de PCR
(DNA) também pode ser usado; é mais caro, porém apresenta resultados
mais rapidamente e com mais segurança.
O exame de papanicolau pode também detectar o Trichomonas, mas sua
sensibilidade é baixa, deixando passar cerca de 50% dos casos, além de
ter uma alta taxa de falso positivo.
Tratamento da tricomoníase
O Metronidazol e o Tinidazol são as duas opções de tratamento para a
tricomoníase. A taxa de cura com esses antibióticos é superior a 90% e
nenhuma outra droga apresenta tamanha eficácia. O esquema indicado
consiste em 2 gramas de Metronidazol ou Tinidazol por via oral (4
comprimidos de 500mg) em dose única.
Atenção, é estritamente proibido o consumo de álcool em quem está sendo
tratado com uma das duas drogas. É preciso esperar no mínimo 3 dias
devido ao risco grave reação.
É importante tratar evitar relações sexuais durante uma semana e o(a)
parceiro(a) também deve ser tratado(a), mesmo que esteja
assintomático(a) para evitar a reinfecção. Cerca de 70% dos parceiros de
um paciente infectado também estão infectados pelo parasita. Como a taxa de sucesso é muito alta, se os sintomas desaparecerem não é preciso repetir exames para se confirmar a cura.
O metronidazol não trata as outras causas de vaginite, como gonorreia e
candidíase. Portanto, se você tem um corrimento, evite a auto-medicação e
procure seu ginecologista.
Prevenção da tricomoníase
Para se reduzir o risco de contaminação pelo Trichomonas:
- Use sempre camisinha durante as relações sexuais.
- Evite ter múltiplos parceiros(as).
- Evite relações com pessoas sabiamente contaminadas e ainda não tratadas.
- Se você tem corrimento, evite relações sexuais até ser vista pelo seu ginecologista.